02 de Outubro de 2005
27º Domingo do Tempo ComumIs 5,1-7 | Sl 79 | Fl 4,6-9 | Mt 21,33-43
A parábola da vinha A parábola da vinha é drama com numerosas personagens. Proprietário da vinha, sumos sacerdotes, anciãos do povo, os vinhateiros, os empregados, o filho do proprietário, herdeiro. O clímax do drama: vinhateiros eliminados. Final do drama: “A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular”. O filho do proprietário é o herdeiro da vinha. Lição: “A vinha será arrendada às pessoas que produzam frutos”.
Chama-me a atenção a atitude de Jesus frente às autoridades do seu tempo. O “manso e humilde de coração” se manifesta duro com elas. O que está por trás dessa atitude? O nó está nas palavras: “Os construtores rejeitaram a pedra fundamental e esta se tornou a pedra angular”. Quer dizer: “O filho do proprietário, eliminado pelos vinhateiros, será o herdeiro da vinha do pai”. É o prenúncio da ressurreição de Jesus, morto fora da vinha, Jerusalém, e ressuscitado ao terceiro dia: constituído herdeiro.
Onde está o motivo da dureza de Jesus? Os sumos sacerdotes e anciãos do povo legislavam, julgavam, executavam leis humanas e vendendo-as como divinas. Passavam por cima dos profetas, de Javé, e do Messias, Jesus. E Deus não atura autoridades que bancam Deus, dando leis que sufocam e escravizam o povo. A ditadura dos poderosos começa no Egito.
Os vinhateiros tiveram a ousadia de rebelar-se contra o proprietário, Deus. O que fazem hoje os mandatários do poder impondo leis insuportáveis sobre o povo e que eles não cumprem? A impunidade parlamentar . Onde está o bem comum do povo? Isso é o que estoura a mansidão de Jesus. O grito dos excluídos chega até os ouvidos de Deus. O grito do Bispo contra a exploração do rio São Francisco é um grito contra os poderosos e os falsos vinhateiros!
Lei dos sumos sacerdotes e senadores do povo. “Mandará matar de modo violento esses perversos”. Eles eram os donos da vida? Eram perversos. Colocam-se acima do quinto mandamento, “não matarás”. Lei divina: “Amarás Deus e ao próximo como a ti mesmo”. Lei dos sumos sacerdotes: “matar os violentos”. Lei dos sumos sacerdotes: “a violência se elimina com a violência”. É contra o mandamento: “Amarás o inimigo”.
“Entregará a vinha a pessoas que produzam frutos”. Frutos de solidariedade, de cidadania, do bem comum e não do egoísmo e da vingança, violência. “Ocupai-vos com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso e virtuoso... e o Senhor da Paz estará convosco”. Frutos que Jesus, o herdeiro, espera de nós e dos nossos governantes, dos sumos sacerdotes e dos anciãos, senadores do povo.
Fruto dos poderosos, “O Senhor esperava frutos de justiça social, distribuição justa das riquezas, e eis a injustiça; esperava obras de bondade e eis a corrupção, iniqüidade, violência” (Is 5,7). “Por que razão, Senhor! Destruístes a cerca da vinha para que todos os passantes a vindimem?... Foi a vossa mão que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes!” Qual é a razão porque, no presente, não temos paz? Porque criamos cercas dos nacionalismos que são modos coletivos de egoísmo.
Deus criou a terra para todos. Nós criamos cercas, muros da vergonha. Porque não há justiça social. O fruto da justiça é a paz. Não adianta falarmos de paz se não se praticar a justiça em todas as suas dimensões. Justiça significa colocar cada coisa no seu devido lugar, dar a cada qual o que é dele. A Deus o que é de Deus, a nós o que é nosso e ao próximo o que é dele. Quando esta utopia cristã se realizar, sentiremos entrar, dentro de nós e das nossas sociedades, a paz de Deus sobre a Terra.
06 de Novembro de 2005
32º Domingo do Tempo ComumAp 7,2-9.10-14 | Sl 23/24 | 1Jo 3,1-3 | Mt 5,1-12
Domingo de todos os Santos Festa de todos os santos . A leitura do Ap 7,2-4. 9-14 nos fala de milhares e milhões de fiéis que chegaram à bem-aventurança dos santos! João (1 Jo 3,1-3), também fala do céu: “Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos como ele é”.
A s Bem-aventuranças indicam a felicidade celeste. O termo “bem-aventurado” é sinônimo de celibatos. Celibatos do latim coeli = céu, e batos = habitante. Celibatos é o que mora no céu. Bem-aventurado é o sortudo que obteve a grande loteca! Reino das surpresas!
“
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”. Como poderemos abrir o embrulho da recompensa?
Hermenêutica: trilho para “descobrir o que está oculto, desde o que está patente”. Desde o conhecido, descobrir o desconhecido.
A chave de Paulo (1 Cor, 2,9 ). “Está escrito, o que o olho não viu, o que o ouvido não ouviu, e o que não subiu ao coração do homem, isso é tudo o que Deus preparou para os que o amam”.
Parafraseando Paulo , podemos dizer: aquilo que nunca vimos e desejamos ver. Aquilo que nunca ouvimos e desejamos ouvir. Aquilo que nunca tocamos e desejamos tocar. Aquilo que nunca cheiramos e desejamos cheirar. Aquilo que nunca saboreamos e desejamos saborear. Aquilo que nunca entendemos e desejamos entender “ é nada, pouca coisa, insignificante, comparado com o presente oculto que Deus tem preparado para aqueles que o amam e viveram o espírito das Bem-aventuranças”. Lembrem-se dos presentes do Dias das Mães!
“Nem olho viu”. Perguntemos-nos: o que nunca vi e que, no íntimo, desejo ver? Cada qual traga, à tona, os desejos mais íntimos. Nunca vi os milhões e bilhões de galáxias. Nunca vi os mistérios do olho humano. Nunca vi os mistérios do ouvido. Nunca vi os mistérios da vida. Nunca vi este mundo em paz. Nunca vi a justa distribuição das riquezas da terra. Pois tudo isso é nada, pouca coisa, insignificante, comparado com o presente que Deus preparou para o olho dos que praticaram as Bem-aventuranças.
“Nem ouvido ouviu”. Perguntemos-nos: o que nunca ouvi e que desejo, no íntimo, ouvir? O doente terminal que desejaria ouvir: “ Levanta-te e vai curado” . A mãe que tem um filho viciado que desejaria ouvir: “ Teu filho está curado” . Desejaria ouvir a voz de Maria, de Cristo, dos apóstolos, dos grandes patriarcas, dos parentes que se foram. Pois, tudo isso é nada, pouca coisa, insignificante comparado com o presente oculto que Deus tem preparado para aqueles que praticaram as Bem-aventuranças na vida. “ Alegrai-vos. Grande é vossa recompensa”. Que recompensa? O Reino de Deus.
“Nem inteligência entendeu o que Deus preparou para aqueles que o amam”. O que almeja nossa inteligência? Descobrir a verdade. Conhecer, por dentro e, desde dentro, o que sejam as realidades. Reúne todas as maravilhas que desejas compreender. Mistérios da vida, da luz, do átomo, do sistema nervoso. Do mundo sideral, mundo de Cristo, de Maria. Pois tudo isso é nada, pouca coisa, insignificante, comparado com o que Deus preparou para a inteligência dos que praticaram as Bem-aventuranças. Grande será vossa recompensa. O Reino de Deus.
A mesma reflexão pode fazer-se com cada um dos sentidos e das potências superiores e finalizar com a expressão: tudo isto é nada comparado com o presente que Deus preparou para os que o amam e amam o próximo.
Festa de todos os santos . Santos são os que estão na posse do presente oculto do reino de Deus. Onde essas pessoas já desembrulharam o presente e o estão vendo, ouvindo, saboreando, tocando, cheirando, entendendo, amando o que nunca ouviram, viram, tocaram, saborearam e amaram nesta vida. É o que Deus lhes preparou para sempre. O Reino de Deus.
Na casa do meu Pai, há muitas moradas”. Moradas da paz, de segurança, da ordem, da justiça, da fraternidade, do desarmamento, da cidadania, da mortalidade infantil zero, da fome zero, da convivência fraterna. Para os que praticaram, nesta vida, as Bem-aventuranças. Ali, a lei é a eternidade e a rainha a caridade. Cidadania de filhos para todos. Não haverá ricos e nem pobres. Todos felizes!
04 de Dezembro de 2005
2º Domingo do Advento Is 40,1-5.9-11 | Sl 85/84 | 2Pd 3,8-14 | Mc 1,1-8
Preparai o caminho do Senhor Isaías fala d'Aquele que vem. Fala que a escravidão acabou; de preparar os caminhos do Senhor. Fala de nivelar montanhas e elevar os vales. Fala que Deus vem com poder; o Senhor vem como pastor para cuidar do rebanho. Tudo indica alegria, volta dos cativos para a pátria. Alegria da anistia total. Advento é fim de escravidão.
O salmo 94 fala d'Aquele que vem: mostrando bondade e salvação. Fala de paz para os que se voltam para Ele. Fala que o Senhor está perto dos que o temem. Fala que a verdade e o amor se encontram. Fala que a justiça e a paz se abraçam. Fala que Aquele que vem dará tudo o que é bom. O que vem é verdade, amor, justiça, paz e bondade.
Paulo fala do que vem : o que vem “não deseja que alguém se perca. Quer que todos venham a converter-se ”. Ele quer que o pecador se converta e viva. Vem para curar os doentes. Traz “ novos céus e uma nova terra”. Como conseguiremos essas realidades do novo céu e da nova terra? “Esforçai-vos para que Ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”. Para termos paz, precisamos praticar a justiça. O noivo da paz é a justiça.
Marcos fala d'Aquele que vem : preparai o “caminho do Senhor”. Jesus é o caminho que leva à nova terra. O caminho do Senhor tem recapeamento de asfalto duplo: “Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a nós mesmos”. Aquele que vem “nos batizará com o Espírito Santo”. É o novo céu e a nova terra.
Onde está, hoje, Aquele que vem? O que vem é algo do passado e não tem nada a ver com o nosso presente? Nosso Advento é algo alienado, de um passado poético que nada tem a ver com o nosso presente? O domingo sai de passeio. Topei com uma torcida, olhos fixos na TV. Ouvia gritos de expectativa pelo gol. Eu me perguntei: Cadê o que vem, Advento, nesta torcida? Ganhar o jogo da nova terra e do novo céu não tem vez nesta torcida? Onde estás, Senhor das torcidas? Torcida não está indicando esperança do triunfo? O torcedor não reza para que o que vem lhe dê a satisfação da vitória? Nessa reza oculta, não está Aquele que vem? Alguém me disse: sim, está presente porque a torcida é alegria e Advento é alegria. Está presente porque torcida é união de pessoas. E o que vem é união.
Da torcida, passei para a Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília. Rodoviária é uma réplica, do mundo. Pessoas chegando e saindo de ônibus. Pessoas comprando e pessoas vendendo. Pessoas subindo escada rolante e pessoas descendo. Pessoas consumindo pastéis e caldo de cana. É o mundo rodando. Pessoa sofrendo e pessoas sorrindo. Mães levando duas ou três crianças atrás delas. E eu me pergunto: “Onde está o Senhor que vem? Onde estás, Senhor? Porque a impressão que a gente experimenta é que Aquele que vem é algo muito longínquo do mundo das rodoviárias. A resposta à minha pergunta veio ao ver motoristas dirigindo veículos, levando gente ao seu destino. Nesses motoristas e cobradores, está o que vem. Nos garçons que fritam pastéis e fabricam caldo de cana, aí está o que vem. Nas mães que levam seus filhos para divertir-se, está Aquele que vem. Em todos Aqueles que trabalham para sustentar a família, está o que vem.
E, da Rodoviária, passei para saudar pessoas amigas da Feira Livre. De quando em quando, celebro lá Eucaristias. Perguntei: como andam as vendas? Um tanto paradas. No Natal, esperamos que aumentem os clientes. Nessa espera do Natal, estava a resposta à minha pergunta interna: onde está, na Feira Livre, o que vem? E, na conversa, ouvi esta frase: “Se Deus quiser, tudo dará bem”. Essa esperança de que tudo vai dar bem, novo céu e nova terra, era a resposta à minha indagação sobre a presença d'Aquele que vem. O médico que cuida dos doentes, a enfermeira que trata com carinho os pacientes, o bancário que atende com delicadeza os correntistas, são formas de topar com Aquele que vem.
Aquele que vem já está presente no coração das pessoas de conduta correta. Até nos torcedores dos times; nos camelôs que vendem barato suas mercadorias favorecendo os mais humildes do povo, está chegando Aquele que vem. A mãe que segura seus filhos com grande carinho, isso é Aquele que vem. O motorista de ônibus que cumpre sua tarefa de deixar os passageiros no lugar certo é presença d'Aquele que vem. O Advento não é, apenas, estar de joelhos diante do altar. Como Dizia Ghandi: “Se arar lavouras, recolher a colheita de arroz, trabalhar no campo não é oração, então, não há forma de se salvar” . O Jesuíta, Teilhard de Chardin, dizia: “ Se somente a oração do repouso dominical nos coloca em contato com Deus, então a grande massa do povo está fadada à condenação” .
A vida de trabalho diário é a melhor forma de o povo encontrar-se com Aquele que vem. O Advento. O que vem nos batizou como o Espírito Santo e nos mostrará modos comuns de encontrar-nos com Ele. O que vem, Jesus, comia e bebia com os pecadores e com os cobradores de impostos que eram os amaldiçoados do seu tempo. Jesus, o que vem, estava perto dos leprosos, doentes de seu tempo. E o Jesus de nossos dias é o mesmo do passado. Ele está perto dos que o procuram. Ele andava entre o povo. Como hoje anda entre e dentro do coração do povo. Este o comprimia, o tocava e pedia curas como a mulher do fluxo sanguíneo.
Hoje, também, o povo o toca, o comprime pedindo trabalho, curas, paz, saúde, moradia, escola para seus filhos, hospitais para seus entes enfermos, como o chefe romano pedia saúde para seu servo. O Cristo, de nossos dias, está presente nas torcidas, nas feiras livres, nos camelôs das ruas. Ele está no meio e dentro de nós. Onde há amor de Deus, ali está Aquele que vem. Onde há amor ao próximo, ali está Aquele que vem. Onde há um profissional cumpridor de seus deveres, ali está Aquele que vem. Bilhões de pessoas sérias esperam Aquele que vem. Isso é Advento. Amém!
15 de Janeiro de 2006
2º Domingo do Tempo Comum1Sm 3,3b-10.19 | Sl 39/40 | 1Cor 13,15.17-20 | Jo 1,35-42
O chamado de Deus Iniciemos esta reflexão dominical. As leituras deste Segundo Domingo do Tempo Comum parecem estar orientadas para que descubramos os modos de Deus chamar seus profetas e seguidores/as.
Vejamos o modo de Deus chamar no passado. (1Samuel 3,3-10.19). “Samuel, Samuel! Senhor fala, que teu servo escuta!” Destrinchemos este modo de Deus falar no passado e tentemos descobrir como se realiza o chamado no presente. Certamente, o chamado não se deu como está escrito no livro de Samuel. Existem os estilos bíblicos que são usados para manifestar a presença de Deus na história da humanidade e dos povos.
A expressão “Samuel, Samuel!” significa que o Deus de Samuel é um Deus que se comunica por meio das inquietudes internas, dos desejos repetidos, dos sonhos continuados das pessoas. A expressão “ Samuel, Samuel!” era uma forma de o jovem declarar os desejos que habitavam dentro do seu coração: Ser profeta do Senhor!
O povo judeu estava rodeado de povos politeístas que adoravam variadas divindades. O povo sentia a tentação de aderir aos deuses que o rodeavam, porque viam serem povos mais bem sucedidos na vida do que eles. Era a tentação do ter. O mesmo que acontece em nossos dias. Temos desejos de viver como aqueles que têm os deuses da felicidade de nossa sociedade. Deuses atraíam aqueles simples beduínos do deserto. E Samuel sentia, em seu coração, a necessidade de ajudar o povo. Esse desejo se traduzia, no estilo bíblico, por aquela chamada repetida no íntimo de “Samuel, Samuel!”
Nosso chamado! O mesmo Deus que chamava Samuel através dos desejos que ardiam no seu íntimo é o mesmo que hoje continua a chamar a cada um de nós. Cada idéia peregrina, repentina, repetida, por anos e por vida, é o grito, voz de Deus que ecoa no coração de cada cristão ou cristã, e de cada homem ou mulher do mundo moderno. Tente identificar seus grandes desejos, ideais, sonhos de realização pessoal e social, aspirações elevadas de teu espírito, intentos de ordenar este mundo sem leme, sentimentos de justiça social, de solidariedade, de cidadania, de fome zero, de distribuição justa da riqueza etc. E, nesses sentimentos e ideais, ecoará a voz de “Samuel, Samuel!”. Mas, desta vez, em vez de “Samuel, Samuel” estará o nome Carmelo, Francisco, José, Guilherme, Sônia, Aparecida... de cada um dos cristãos do mundo presente.
Não é possível que o Deus que chamou Samuel não continue a ser mesmo Senhor de Samuel. Deus é eterno e sempre o mesmo. O que fez no passado, tem que fazer no presente. Do contrário, teria deixado de ser Deus da humanidade, que dirige os homens e as mulheres mediante os chamados dos Samueis do presente!
Segundo modo de Jesus chamar no passado e no presente. João Batista indica: “Eis o cordeiro de Deus! ” Sempre há um alguém que inicia o chamado. No caso de João evangelista, Filipe, Pedro, entra em jogo João Batista. A mediação humana. Todo ser humano tem algo a ver com João Batista. Todos somos Batistas enquanto somos indicadores do “Cordeiro de Deus”.
“Senhor, onde moras?” Não sei se estais a ouvir, de novo, aquela voz de “Samuel, Samuel!” Neste caso, a voz interior estava sendo traduzida pela expressão: “ Senhor onde moras?” Quem, entre nós, nunca se perguntou repetidas vezes: “Senhor onde moras? Onde posso te encontrar? Onde posso te ver? Onde posso falar contigo? Onde estás? E onde não estás? Onde moras? E onde não podemos encontrar o Cristo? Onde estás, Senhor? Essa é a pergunta de tantos jovens, de tantos adultos, de tantas jovens e de tantas mulheres. Onde estás, Senhor? Como posso falar contigo?
E a resposta de Jesus: “Eu moro onde se ama ao Pai sobretudo e ao próximo como a si mesmo. Eu estou onde se pratica a justiça social, entre os membros da comunidade cristã. Eu estou onde se pratica a cidadania, onde se vive a solidariedade, onde se vive o perdão aos inimigos. Eu estou nos dirigentes das nações que trabalham pelo bem comum da sociedade. Eu estou onde a lei do lucro está submetida ao bem de todos e não à cobiça de poucos. Eu estou onde se respeitam os direitos da mulher, da criança e do adolescente. Eu estou onde se pratica uma justiça reta e honesta, onde os juízes não se vendem. Eis aí onde eu moro.
“Onde moras, Senhor?” Moro na criança que está sendo gerada no ventre de sua mãe. Eu estou na criança que acaba de ser batizada. Estou no jovem que defende seu corpo dos desvios sexuais. Estou nos pais que lutam pela sobrevivência e educação cristã de seus filhos. Estou nos educadores que levam os discípulos na direção do bem. Estou nos legisladores que legislam para o bem do povo. Estou nos sacerdotes que indicam o caminho da verdade. Estou onde se pratica a caridade. Onde há caridade, ali está Deus. Ali estou eu.
Samuel, Samuel em 1Cor, 6, 13-15-17. Paulo traduz, ao seu modo, o chamado de Samuel: “ O corpo é para o Senhor e o Senhor é para o corpo”. O grito da castidade é um grito de Deus que ecoa no íntimo do coração humano. “Porventura, ignorais que vossos corpos são membros de Cristo? ” Vemos como hoje o deus do sexo está invadindo a humanidade. Os deuses-ouro dos tempos de Samuel aparecem agora vestidos de prazer dos sentidos. E Paulo grita: “Fugi da imoralidade. Em geral, qualquer pecado que uma pessoa venha a cometer fica fora do seu corpo. Mas o fornicador peca contra o seu próprio corpo. Ou ignorais que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo? Ignorais que fostes comprados, e por preço muito alto!” Esses são os gritos do Deus de Samuel repetindo-se no presente. Caros leitores/as, auscultai vossos desejos íntimos de bondade, de solidariedade e estareis decifrando, como Samuel, qual é chamado de Deus no tempo presente. Ninguém pode afirmar que não é chamado a amar a Deus e ao próximo nesta vida, porque esse é um chamado universal. O modo de vivê-lo é que fica por nossa conta.
“Tu és Simão , filho de João. Tu és Cefas que significa pedra”. O chamado Pedro é uma pessoa concreta: Tem um pai, tem um irmão, tem um nome civil e tem um nome profético. Desde a realidade do que era, Pedro vai ser chamado para ser a Pedra do Reino de Cristo. Todos nós temos um pai, uma mãe, irmãos, um nome civil e temos um nome profético que Deus nos dá como a Samuel, como a Paulo, como a Pedro. Os jovens, para trabalhar no Reino de Deus têm um nome, um pai, uma mãe, irmãos, amigos, uma pátria, uma história, um projeto de vida e um nome oculto dado por Deus.
A voz de Samuel está gritando no coração de milhões de jovens cristãos, mas não é traduzida como um chamado divino para salvar o povo cristão dos deuses deste mundo. Esperam chamados mirabolantes, milagreiros e de estardalhaço. Assim, nunca teremos Samueis que realizem sonhos juvenis, chamados do Deus. O Senhor do jovem Samuel é o mesmo dos jovens deste mundo que sonham realizar grandes façanhas pelo povo cristão, mas não decidem ver onde mora o Jesus, Filho da Nazarena. Enviai, Senhor muitos Samueis à vossa vinha!
22 de Janeiro de 2006
3º Domingo do Tempo ComumJn 3,1-5.10 | Sl 24/25 | 1Cor 7,29-31 | Mc 1,14-20
Como Cristo nos chama? Marcos é um evangelista muito pitoresco , realista e engajado no seu mundo presente. João Batista foi preso; Jesus foge para a Galiléia e prega o Evangelho de Deus: “ O Tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” Eu me pergunto: em que consistia a pregação do Evangelho de Deus? Entendemos a pregação presente porque partimos dos evangelhos escritos, das cartas dos apóstolos. Mas qual era o discurso de Jesus? “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”. Qual era a notícia que Jesus anunciava? Ele apenas repetiria: Convertei-vos? O reino está próximo?
O que significariam esses chavões para o povo que os ouvia? Convertei-vos. De que tinham que converter-se? Quais eram os des caminhos do povo que ouvia Jesus? Existiam dez mandamentos e dos dez mandamentos conhecemos os dez caminhos de Deus e também conhecemos os dez des caminhos que nos afastam dEle. Jesus falaria dos des caminhos que afastavam o povo de Deus. E falaria de cada um deles, especialmente, do des caminho da idolatria, em que os judeus caíam com facilidade para adorar os ídolos das riquezas e dos prazeres. Que ídolos nós adoramos neste tempos da modernidade? Não são os mesmos dos tempos de Jesus, mas com outros nome? O deus do consumismo. O deus do egoísmo capitalista. O deus do hedonismo, do prazer. O deus do ateísmo que escanteia Cristo das Constituições estatais. João foi degolado porque falou contra os des caminhos de Herodes. Jesus foi crucificado porque falou contra os des caminhos do seu tempo. E a Igreja sofre perseguições dos des caminhados que não querem ouvir: “Convertei-vos, acreditai no Evangelho”.
Passando à beira do mar da Galiléia , “Jesus viu Simão e André, se irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores”. Jesus passava pelo mar, viu Simão e André, eles lançavam a rede. Eram pescadores . Marcos nos ensina que Jesus era um ser humano como nós. Caminhava como nós, via pessoas como nós. Via Pedro lançar a rede ao mar; era pescador. Esse Jesus que passava pela praia do mar é o mesmo que passa e passeia pelas avenidas, ruas de Brasília e do mundo inteiro. Naquele tempo, chamava pescadores porque eram os que Jesus conhecia. A quem Ele chamará em nossos dias? Chama a todos para “converter-se e para acreditar no Evangelho de Deus”.
São dez mandamentos; as bem-aventuranças, mensagens das cartas escritas para nosso bem. Em Brasília, não há mar. Mas há universidades, colégios, paróquias, cidades satélites. Onde Jesus chamará os pescadores de homens e mulheres para pregar o Evangelho da conversão? Em nosso meio, nas nossas famílias. Por que faltam pregadores do Reino? Será que Cristo não passa pelas ruas de Brasília? Será que Jesus não repete o chamado “Samuel, Samuel!” aos jovens, adultos para que profetizem em nome de Deus? Quem poderá salvar este mundo atual dos des caminhos presentes! Será que Jesus não repete os passeios pelas praias de Galiléia para chamar Pedros, Andrés, Filipes, filhos do Zebedeu. Estes tinham um pai concreto, Zebedeu. Os jovens de hoje também têm um pai concreto e que ouvem o chamado de Cristo. “ Pedro, André, João e Tiago, segui-me ”. Será que Jesus não precisa de mais ajudantes na tarefa da construção do seu Reino? Os jovens de hoje não têm a coragem de deixar seus Zebedeus para seguirem Jesus?
“Deixaram imediatamente as redes e seguiram Jesus”. Os jovens do mundo moderno sentem dificuldade em abandonar suas redes, barcas, profissão para seguirem Jesus. Para eles, valem mais as redes, barcas, riquezas e realizações humanas do que seguir Jesus. Seguir Jesus é algo que não compensa dentro da mentalidade materialista e comodista. Não somos capazes de abandonar as barcas, porque não percebemos que a barca de vida é pequena, passageira; e a barca que Jesus nos oferece varará os mundos da felicidade para sempre. Ficamos com nossa barquinha em vez de entrarmos no transatlântico da vida eterna, do Reino de Deus.
“Deixaram seu Pai, Zebedeu, na barca com os empregados e partiram, seguindo Jesus ”. Para Pedro, filho de Zebedeu, valia mais seguir Jesus do que ficar com a indústria pesqueira de seu pai. Quem se lembra dos empregados do Zebedeu? Ficaram no anonimato da história. Como teria acontecido com Pedro e João se não tivessem seguido Jesus? Estes agora são as luminárias no Reino do Deus. Eles souberam negociar bem. Eles são os donos da maior indústria pesqueira do mundo: bilhões de homens e mulheres entraram no Reino de Deus, porque deixaram as redes de cordas para lançarem redes do Evangelho pelo mundo inteiro.
Qual o modo de Cristo nos chamar? Sempre existiu um elemento comum a todos os chamados: as necessidades do povo. Onde há injustiças, Deus levanta arautos da justiça. Hoje, qual é o modo de chamar para ajudar os irmãos que vivem no pluralismo de vozes que confundem os cristãos? Cada um dos leitores ausculte seu interior e ouvirá o arfar dos desejos por fazer alguma coisa pelo Reino. Essa é a voz do chamado: “Samuel, Samuel!”
Repitamos o salmo 24. “Mostrai-nos, ó Senhor, vossos caminhos e fazei-nos conhecer a vossa estrada. Vossa verdade nos oriente e nos conduza, porque sois o Deus da nossa salvação”.
Amém !
12 de julhode 2009
15º Domingo do tempo comumAmós 7,12-15
Salmo 84,8-14
Efésios 1,2-14
Marcos 6,7-13.
Desde o que somos, é que descobriremos o que podemos e devemos fazer. Comecemos pela carta de Paulo aos Efésios (1,3-14). Esta é um hino ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo e aos cristãos. “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. O Pai de Jesus é o mesmo Pai nosso. Não há dois Deus Pai. Por que o chamamos de bendito? Vejamos quantas benções depositou sobre nós: “O Pai nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude da nossa união com Cristo”. O Pai, o Filho, Jesus Cristo, e o Espírito nos abençoam com toda bênção. Que bênçãos? “Em Cristo, o Pai nos escolheu antes de fundação do mundo”. Antes do Pai, criar o mundo, já nos escolheu. O que isso significa para nós? “O Pai nos escolheu para sermos santos e imaculados sob o seu olhar, no amor”. O que sai de Deus tem que ser santo como Ele. De um Deus infinitamente bom não pode sair nada mau. Cristo e Maria saíram puros e continuaram puros na vida. Nós, como Eles, saímos puros. O que acontece depois, já não depende de Deus e sim de nós. “Ele nos predestinou para sermos sues filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo”. Antes de sermos criados já fomos destinados para sermos filhos adotivos de Deus-Pai. “O Pai nos criou para o louvor da sua glória...”. “Em Jesus Cristo nossos pecados foram perdoados...”. O Pai nos fez conhecer o mistério da sua vontade...: “Recapitular, em Cristo, o universo inteiro: tudo o que está nos céus e sobre a terra”. Redenção globalização de toda a humanidade.“Em Cristo fomos marcados com o selo do Espírito prometido”. Este Espírito Santo “é o penhor da nossa herança para a redenção do povo...” Somos o ser mais próximo do Deus Pai, do Deus Filho e do Deus Espírito Santo. Nesta plataforma trinitária descobrirmos a identidade cristã. Esta determina nosso modo de proceder. Do ser nasce o agir cristão.
Desde a plataforma paulina entenderemos a atitude do profeta Amós (Amós 7,.12-15). Ele se coloca a favor dos oprimidos, dos explorados. Ele se opõe aos profetas que vivem ao serviço dos poderosos. A religião submetendo-se ao poder político que em vez de olhar o bem comum do povo se enriquece com os trabalho humilhante dos pobres.
Marcos( 6,7-13) Jesus passa seus poderes aos discípulos, a nós, para “viver com moderação para que todos tenham possibilidades de vida humana digna”. Jesus lhes deu poder para “expulsar demônios”. Quem são hoje esses demônios senão aqueles que exploram os pobres para acumular riquezas? O mundo dos paises ricos o que fazem para acabar com a miséria de um bilhão de homens que passam fome? “Curar os doentes” O que fazem os governos com relação à saúde do povo? Eles têm mordomias na saúde e os pobres? “Ungiam os doentes com óleo”. Era o único remédio que tinham para amenizar o sofrimento dos doentes. Falta evangelização. Essa seria o modo de acabar com a violência, seqüestros. Milhões de homens, pais de família, sem trabalho, são o exército invencível de violência. Quando os paises ricos ajudem os paises pobres, então haverá paz neste mundo. A solidariedade, hospitais, escolas, moradia digna, cidadania, amor ao próximo forem os princípios que comandem a humanidade, então teremos paz. Esta é fruto da justiça. A justiça social é a base mundial para termos paz”. E os poderosos não terão paz se não lutarem por um mundo mais justo. Jesus introduziu a fraternidade e a filiação divina de todos os homens ao dizer: “Pai nosso que estais nos céu e na terra”. Eis o Banco que salvará o mundo da violência.
Salmo 84, 4s. “
Verdade e o amor se encontrarão; a paz e a justiça se abraçarão”. Esse é o modo de termos paz nesta vida. Amém.
Pe. Victoriano Baquero, sj.
14 de julho de 2009
Homilia de terça feira Mensagens das Leituras. (Ex 2,1-15). Em defesa da vida e da terra. Está em perigo a vida tanto no inicio como depois do nascimento. Caim mata seu irmão Abel por inveja. O Faraó mata por medo dos escravos; Moisés mata por defender a raça. Motivos injustificados. Moisés teme o Faraó e não teme a Javé que proíbe matar o ser humano. Faraó tira a vida dos inocentes. A filha do Faraó salva Moises por piedade. O sentido carinhoso feminino da mulher é que deve ser seguido. A vida da criança deve ter o amparo dos poderes públicos. Na atualidade os poderes públicos defendem a vida infantil e a vida dos adultos. Que formas de eliminar a vida, de mutilar, de escravizar existem hoje no meio de nós? O que podemos e devemos fazer. Atitude de Faraó, de Moisés ou da filha do Faraó? Que modos existem de protestar contra as sociedades que negam vida dos sócios?
Defesa da vida no evangelho (Mt 11,20-24). Jesus censura as cidades de Carazin, de Betsaida e de Cafarnaum porque não se converteram e não descobriam o Messias nos milagres que fazia. Que cidades condenaria hoje? Jesus diria: Ai de ti Brasília porque “não fazes penitência, nem te vestes de cinzas, pois eu vos digo que, se se tivessem feito em Sodoma os milagres que se fizeram em ti, ela se teria arrependido e seria tratada com menos dureza do que sobre ti”. Que pecados se cometem nas nossas cidades que aborrecem mais ao Deus do que os pecados de Sodoma e Gomorra? Os modos de escravidão de crianças; salários injustos; seqüestros relâmpagos; mortes por embriaguez, por ódio. A falta de seguranças. A falta de atendimento médico aos empobrecidos. A deterioração da atmosfera. Falta de ecologia. Qual seria, hoje, o pecado maior do que os pecados de Sodoma? “Sodoma será tratada com menos dureza do que vós!” Vemos os paises ricos sem preocupação pelos paises pobres. O grito dos pobres clama diante de Deus. Falta o sentido feminino nas sociedades inclusive cristãs. Como vivemos a caridade cristã em casa, no trabalho, na rua. Como tratamos às pessoas? O modo de tratar as pessoas manifesta a nossa fé cristã. Como Jesus tratava pobres? Jesus tinha em mente o Herodes que eliminava pessoas, inclusive o João Batista.
Salmo 11, 4 “Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres e não despreza o clamor de seus cativos”. Os poderosos estão a ponto de destruir a vida sobre a terra? O problema é sério e real. O que podemos fazer para evitar essa calamidade universal?
Pe. Victoriano Baquero, sj.
19 de julho de 2009
16º Domingo do tempo comumJeremias 13,1-6
Salmo 22,1-6
Efésios 2,13-18
Marcos 6,30-34
Mensagens das leituras; Situação do povo, do rebanho de Javé. (Jer 23,1-6). “Os pastores perderam e dispersaram as ovelhas do rebanho”. Eu, Deus “Suscitarei pastores que as apascentem; não sofram mais o medo e angústia”.“Eis que farei nascer um descendente que fará valer a justiça na terra”.
Há em todos os povos uma ânsia de achar um líder que os conduza pelo caminho da justiça e da paz. Fazendo uma análise da história humana é o que se observa, tanto no regime democrático como nos regimes régios. Todos os povos esperam por um Messias, libertador. O povo de Israel esperava: “O Senhor é nossa justiça”. Israel estava no exílio. As autoridades debandaram diante dos poderosos babilônicos. Fato que se repete em nossos dias. Que poderes trabalham para fazer justiça? O pobre sempre sofrendo por causa dos poderosos que não tratam de serem “Justiça do povo”
Mensagem de (Mc 6,30-34). A pregação dos discípulos despertou tanto interesse que “havia tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer e descansar”. Imaginem o interesse dos 8 bilhões de homens! O que vemos? Milhões de pessoas sedentas de ouvir a palavra. “A messe é muita, os operários, mas poucos os trabalhadores”. Eu corrigiria: “Grande é a messe e muitos os trabalhadores; mas poucos os que querem trabalhar”. As multidões a quem seguem hoje? As grandes torcidas a quem proclamam? Quem são os deuses das torcidas? Isso que significa? Que a humanidade está como ovelhas sem pastor. “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão”. Que multidão aquela comparada com os bilhões de seres humanos passando pela Terra? O que despertaria em Jesus osa multidão de 200 milhões de brasileiros e os 8 bilhões de todo o mundo? “Jesus tevê compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. E Jesus vendo a multidão: “começou a ensinar-lhes muitas coisas”. Que ensinaria? Relendo os evangelhos veremos o que ensinava: “Amar a Deus e ao próximo”. Eis a justiça divina. No Pai nosso, dá uma ss´sinstes do que ensinava: “Pai nosso que estás no céu...”. Solução das pirâmides sociais e das injustiças no mundo atual e cristão!
Paulo dá pistas sobre o que Jesus ensinaria; “Vós estáveis longe de Deus e vos tornastes próximos pela palavra” “Jesus é a nossa paz” Rrepete 4 vezes a palavra paz. “O que estava dividido, Jesus fez a unidade”.Isso sé paz. Jesus aboliu a lei rabínica intolerável. Que fazia de Deus um fiscall. Jesus acaba com o Deus reduzido aos limites de Israel, Jerusalém e templo. “Jesus criou um só homem estabelecendo paz entre judeus e pagãos”.Reconciliou com Deus todos os homens, judeus e pagãos, formou um só corpo. Jesus veio para anunciar a paz aos que estavam longe e para os que estavam próximos. E desse modo: “os homens têm acesso ado Pai pelo Espírito Santo”.
Repetiria as bem-aventuranças, resumo dos ensinamentos que levava por todas as aldeias. Sua doutrina era simples e globalizante, nada de racismos. Essa é a catequese que o mundo da atualidade precisa ouvir e praticar. Mas, como levar essa doutrina aos 8 bilhões de pessoas que moram na superfície de terra?
O salmo 22 nos diz: “O Senhor é meu Pastor que me conduz... Me guia no caminho mais seguro... Felicidade e todo o bem hão de seguir-me... e na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos”. O que busca o homem nesta vida? Um líder que o leve à casa da paz, da felicidade. O Bom Pastor, Líder esperado, pode levar-nos até a Morada do Pai, Vida eterna. Como sermos hoje cristãos evangelizadores?
Pe. Victoriano Baquero, sj.
16 de agosto 2009
Homilia da Assunção de Maria Apocalipse 11,19ª.;12,1.3-6a.10ab.
Salmo 44, 10bc.11.12ab.16.
1ª Coríntios 15,20-27a.
Lucas 1,39.56.
Em 1950, o Papa Pio XII, proclamava a Elevação de Maria ao céu em corpo e alma em verdade de fé. Verdade alicerçada Ana Tradição e não nas Escrituras. A Loteca de Maria é nossa. A Assunção de Maria é prelúdio da nossa. Ascensão de Jesus significa que Ele, por si mesmo, subiu ao céu. Assunção significa: Maria levada ao céu pelo poder do Filho.
Pressupostos. Cristo proclamou uma lei: “Quem se humilhar será exaltado e quem se humilhar até a morte, será exaltado até a vida”. Essa lei se cumpriu em Cristo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1Cor 15,20). Maria se humilhou fazendo-se a “serva do Senhor”, por isso devia ser exaltada com a ressurreição do Filho. Foi a serva do Senhor.. Lei que se aplica a cada um de nós cristãos.
Segundo: Lei das primícias, Paulo (1Cor 22-23) “Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Cada qual segundo uma ordem determinada. Em primeiro lugar, Cristo, como primícias, depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda”. Primícias é termo bíblico usado para declarar os primeiros frutos da colheita oferecidos ao Criador. Primícias da ressurreição significa os primeiros frutos da ressurreição. O primeiro é Cristo. Por isso, primícias da ressurreição. Primícias da mangueira são as primeiras mangas. Essa lei perdura para sempre.
Segundícias. O segundo fruto, segunda pessoa a ressuscitar, chamo ‘segundícias’. Depois do primeiro, vem o segundo na ressurreição. E Paulo dá o princípio bíblico desta ordem: “Porém, cada qual segundo uma ordem determinada”. Que princípio regula essa ordem? “Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião se sua vinda”. O princípio que determina a ordem da ressurreição, “Os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda” E quem é a pessoa que pertence mais Cristo, por ocasião de sua vinda? Maria está ligada a Jesus na anunciação, nascimento, vida de Nazaré, e do seguimento até a Cruz.
Quem é Maria para Cristo? O Apocalipse (11,19; 13,1-6.10) nos revela quem é Maria: “grande sinal: “mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Maria era muito próxima de Jesus enquanto ela o dá a vida humana: Maria gerou Jesus do Espírito Santo. Ser mãe de Jesus é ser a segunda, na ordem da ressurreição Em primeiro lugar, vem a ligação da criatura com Deus e depois, vem a geração da mulher com relação aos filhos. Deus nos cria e a mãe nos gera.
Segundo Lucas (Lc 1,39-56). “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Cristo é fruto do ventre de Maria. Isso é origem de pertença. Cristo pertencia a Maria por ser “fruto de seu ventre”. Cristo era primícias e Maria segundícias.
“
Tu és a Mãe do meu Senhor”. Esta expressão declarava que Maria era a mãe de Deus, o Senhor. “Bem-aventurada porque acreditaste, porque será cumprido o que o Senhor te prometeu”. Maria é a mãe do Senhor e este é o mesmo que a prometeu que se cumpririam as promessas. Senhor é Javé, o que prometeu a Maria que ressuscitaria Jesus...
“
Bendita és tu entre as mulheres”. Significa receber de Deus todos os bens que recebem as mulheres do mundo. É a mais aquinhoada de todas porque “bendito é o fruto do teu ventre”. Todas as mulheres são abençoadas pelos frutos gerados nas suas entranhas. Porém, Maria é a primeira por ser a mãe de Jesus, o Senhor, que foi o primeiro em subir aos céus. Isso lha dá direito a ser a segunda na entrada no céu desde a entrada triunfal de Jesus.
“
Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”. A voz de Jesus tirou da morte para a vida ao amigo Lázaro, ao jovem da mãe viúva e da filha de Jairo. “Vem, Lázaro, para fora!” A voz de Maia fez pular de alegria o João Batista. Sem dúvida que a voz de Maria teria muito de semelhança com a voz de Jesus. Os filhos imitam a voz das mães. Esse poder de Maria, de alegrar o fruto do ventre de Isabel, tem muito a ver com a pertença de Maria com Jesus. Por isso, Maria, deveria ser a primeira pessoa a seguir a entrada no céu, como Jesus, na passagem desta vida para o céu.
Maria é consciente da pertença a Jesus. “
A minha alma engrandece ao Senhor”. Deus e Senhor é o mesmo Deus de Isabel. “E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva”. “Meu salvador”, é o Deus em que se alegra o ‘meu espírito’. E o salvador é o seu Filho.
“Doravante me chamarão Bem-aventurada todas as gerações, o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome”. Bem-aventurada é ser elevada ao céu em corpo e alma, como seu filho Jesus. Cristo aplicou-se a lei da exaltação, seguida da humilhação e, por ordem de pertença, devia aplicar a lei à pessoa mais próxima dele: sua Mãe, Maria. Por isso celebramos a exaltação, de Maria elevada ao céu em corpo e alma. Mistério Mariano de nossa fé. A loteca de Maria, é a nossa. Como Maria nós também ressuscitaremos. Nosso corpo é muito estimado por Deus e nós mesmos.
“Faça-se em mim segunda a vossa vontade”. Maria teve a mesma atitude de Jesus, e “imo a este mundo para fazer a vontade do Pai”. Maria era a pessoa mais próxima de Jesus, porque o alimento dela era fazer a vontade do Pai. Maria, quantas vezes, rezaria o Pai Nosso que Jesus a ensinara. “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Maria, pela entrega à vontade do Pai, adquiria o direto de ser a segunda na subida para o céu em corpo e alma. Jesus afirmava que “na casa do meu Pai há muitas moradas preparadas para aqueles que acreditaram nele”. Maria foi a que mais acreditou no seu Filho. A primeira morada do céu foi para Jesus e a segunda morada do céu seria para sua Mãe, Maria. “Para que onde eu estiver, vós também estejais”. Para que onde eu estiver, também, minha Mãe esteja.
Conclusão. A certeza da fé, de Maria estar no céu em corpo e alma, está alicerçada na tradição da Igreja. Desde os primórdios, a Igreja acredita que Maria subiu ao céu em corpo e alma. Pio XII, apenas, declarou verdade de fé o que se acreditava por tradição. Nunca ninguém se preocupou em descobrir o corpo morto de Jesus.
Petição a Maria Assunta: Maria Assunta, quero ver o que nunca vi: teu corpo glorificado no céu! Maria Assunta, quero ouvir o que nunca ouvi, a tua bendita voz glorificada no céu! Maria Assunta quero tocar o que nunca toquei: o teu bendito corpo elevado ao alto! Maria Assunta quero cheirar o que nunca cheirei: a fragrância do teu corpo glorificado subindo para o céu! Maria Assunta, quero saborear o que nunca saboreei: o sabor do teu corpo glorificado entrando no céu! Maria Assunta, quero entender o que nunca entendi: o mistério de tua Assunção ao céu em corpo e alma! Maria Assunta quero ver o que nunca vi: Meu corpo e alma glorificados subir ao céu para encontrar-me contigo Maria e com teu Filho Jesus nas moradas do Pai! Amém.
25 de setembro de 2009
Sexta-feira do 25º Domingo do tempo comumNm 11,25-29 | Sl 18 | Tg 5,1-6 | Mc 9,38-43.45.47-48
Mensagens. Ag 1,15; 2,1-9). Reconstrução do Templo, casa do “Senhor dos Exércitos”, repetido sete vezes. Ênfase na reconstrução melhorada e mais esplendorosa. “O ouro e a prata me pertencem”. Coragem todos: rei, sumos sacerdotes, coragem. “A casa do Senhor dos Exércitos será casa da paz”. Nota-se a confiança no ouro e prata. “Tesouros chegarão das nações”. Continuam confiando na riqueza.
Lucas 9,18-22. Jesus faz ibope sobre quem ele é para o povo. “Que diz o povo quem sou eu?” Afirma: “Tu és João Batista ressuscitado” Outros afirmam: “Tu és Elias”. Outros: “Tu és algum dos profetas antigos que ressuscitou”. Jesus não parece estar satisfeito. “E vós quem dizeis que eu sou?” Pedro, o primário, disse: “Tu és o Cristo de Deus”. Tu és o Messias, o Filho de Deus que vem salvar o povo. Tu que dizes,Tomé: “Tu és meu Senhor e meu Deus”. Bartolemeu: “Tu és aquele que me viu rezando debaixo da figueira” . Filipe quem dizes tu de mim? “Te és o caminho a verdade e a vida”. Mateus tu que dizes? “Tu és o Rei dos judeus que acaba de nascer”. E para Isabel, quem sou? “Tu és meu Senhor que fez pulara de alegria meu filho João e me encheste do Espírito Santo”. Para João Batista? “Tu és o Filho de Deus que tira o pecados do mundo”. Tomé o incrédulo que dizes? “Tu és meus Senhor e meu Deus”. Para Maria, minha Mãe: “Tu és o Filho do altíssimo que se fez homem nas minhas entranhas para salvar o mundo”. Quem sou para o Sinédrio do povo? “Tu és o rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes, doutores da Lei, porque te fazes Filho de Deus”. Blasfemo.
Quem és para ti mesmo? “Eu sou o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Sou o Bom Samaritano. Sou o Caminho que leva ao Pai. Sou a Ressurreição e a vida eterna”.
Quem é Jesus para o povoa brasiliense? Ontem celebrei a missa no Shopping Popular e vi que o povo rezava com atenção. Estava sendo ouvida a Eucaristia por todo o Shopping, pois o microfone estava conectado para todo o imenso Centro. Havia silêncio. São mais de 1600 lojas. O povo espera de Jesus que venham fregueses para comprar e que possam levar o pão para seus filhos. Até crentes estavam lá. Alguma coisa pensam de Jesus e acredito que Jesus aceita sua crença. “O Pão nosso de cada dia nos daí hoje”.
O que pensamos nós de Jesus. Ele ficaria contente com nossa fé nele? Qual é nossa declaração de fé em Jesus?
Para que tenhamos fé no Cristo verdadeiro, Rezemos ao senhor.
Pe. Victoriano Baquero, sj.
04 de outubro de 2009
Sexta-feira do 27º Domingo do tempo comumNm 11,25-29 | Sl 18 | Tg 5,1-6 | Mc 9,38-43.45.47-48
Releituras dos textos dominicais:
Começo pela carta aos Hebreus 2,9-11. “Deus fez Jesus um pouco menor do que os anjos”. Deus fez homens e mulheres um pouco menor do que os anjos. “O santificador, Jesus, e santificados, homens e mulheres, são descendentes dos mesmos ancestrais, por isso, Ele não se envergonha de nos chamar irmãos”. Jesus não faz acepção de pessoas. A mulher é tão pessoa, quanto o homem. O machismo foi abolido desde a criação. Vereis por que deixo Gênesis para última releitura
(Marcos 10, 2,-16). Machismo dos fariseus: “Perguntaram Jesus para tentá-lo: “E permitido ao homem divorciar-se da mulher?”. A pergunta deveria ser assim: “O machismo é permitido ao homem? Jesus respondeu: “Moises que prescreveu? Permitiu escrever certidão de divórcio e despedi-la”. O homem pode despedir a mulher; a mulher não pode despedir o homem? Quem inventou essa lei? Deus? Não! O machismo ditava leis contra o feminismo e o feminismo não podia ditar leis contra o machismo. “Dou-te graças, porque não sou pagão e nem mulher”. “Jesus não admite acepção de pessoas” (Tg 2,1) Lei: mulher e homem iguais perante Deus. O mesmo Deus que criou o homem é o mesmo que criou Eva. Há diferença nas funções; não na essência; homem e mulher “imagens de Deus”. As mulheres como os homens têm os mesmo direitos e obrigações. Jesus diz: “A dureza de vosso coração levou Moises permitir o machismo irracional. Desde a criação, Deus os fez homem e mulher”. Iguais na essência; diferentes nas funções. A história milenar descobriu a igualdade do homem e da mulher. Ainda há muito que modificar no machismo universal. Que argumentos se manejam para divorciar-se na sociedade pós-moderna?
Milhões e bilhões de mulheres escravas do machismo cultural e religioso. O machismo que vê na mulher? E o que vê a mulher no homem? Ai está o nó frágil do matrimônio de conveniências, Inclusive entre cristãos. “O que Deus uniu, o machismo não o separe!”: Fala Jesus: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra cometerá adultério contra a primeira. Era o caso do divórcio judaico. Só o homem podia dar libelo de repúdio à mulher. Marcos acrescenta: “Se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério” Este caso era possível na cultura grega. Não na judaica. O grego possibilitava à mulher dar repúdio ao homem. Os dois tinham mesmos direitos e deveres.
Vejamos como deveria ser a criação de Adão e Eva (Gên 2,18-34). Leitura do Gênesis segundo, o Escriba Sacerdotal: “O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem e a mulher estejam sós. Criá-los-ei iguais e semelhantes.. Então o Senhor Deus fez cair um sono profundo sobre Adão e Eva. De Adão adormecido, Deus tirou Eva e de Eva adormecida tirou Adão. Adão disse: Eva é osso dos meus ossos e carne de minha carne. Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem. Eva disse: Adão é osso dos meus ossos e carne da minha carne, porque foi tirado da mulher. Por isso, Adão e Eva deixarão seu pai e sua mãe e se unirão os dois e serão uma só carne”. E o que Deus uniu, o homem nem a mulher o separem”. O escriba teve um cochilo ao dizer que Adão e Eva deixarão pai e mãe. Nem tiveram pai e nem mãe. Eram os primeiros ancestrais criados diretamente por Deus. No tempo em que foi escrita a Criação, os judeus tinham idéia errada da mulher. No “Jesus Aproximação histórica, p.213-214 cita Flávio Josefo: “Segundo a Torá, a mulher é inferior ao homem em tudo” Pagola 215: Rabi Yehuda; Oração do varões:
“Bendito sejais, Senhor, porque não me criaste pagão e nem me fizeste mulher ignorante”. “Antes sejam queimadas as palavras da Torá do que confiá-las à mulher”. Os escribas não aceitavam discípulas em seu grupo. Jesus enfrenta este machismo e morre por defender dignidade da mulher.
Então o Senhor Deus formou os animais, aves do céu e trouxe-os a Adão e a Eva para ver como os chamariam; Adão e Eva deram nome a todos os animais domésticos, aves e animais selvagens”. A figura de Adão estava calcada na ideologia machista. Mulher era auxiliar, não igual, ao homem. Interessante que Marcos, a seguir, apresente Jesus tratando crianças. Elas, como as mulheres não tinham voz nem vez. Jesus eleva a mulher a altura do homem e a criança à dignidade do adulto. Os discípulos as impediam de aproximar-se de Jesus. “Das crianças é o reino de Deus” Elas alegram a vida com sua inocência, ingenuidade, olhos vivos brilhantes. O reino de Deus tem muito da inocência das crianças. Delas é o reino dos céus. “Se não vos fizerdes como crianças não entrareis no reino dos céus. Abraçava e abençoava impondo-lhes as mãos”. Jesus via nas crianças pessoas, imagens inocentes do Pai. O encanto das crianças é o grande sinal da presença do Pai neste mundo; assim como a presença das mulheres. Um mundo sem mulheres e sem crianças seria impossível! Mundo sem crianças é triste. O mundo judaico devia ser triste pela atitude do homem diante da mulher e crianças. Essa foi a cultura que Jesus enfrentou durante sua vida e teve que condenar. O reino de Deus era, também, das mulheres e das crianças. Qual é nossa atitude diante da mulher e das crianças? Jesus não faz acepção de Pessoas. E nós? Nós fazemos acepção de pessoas? Normas favorecendo a mulher e o Estatuto da criança são avanços na igualdade de homem e mulher; de adulto e crianças.
E nós?Pe. Victoriano Baquero, sj.
03 de novembro de 2009
Terça-feira do 31º Domingo do tempo comum Releitura de Rm 12,5-16. Paulo enfrenta divisão entre os cristãos carismáticos e não carismáticos de Roma. Ao mesmo tempo, que os anima, os orienta a aproveitar os dons pessoais para o serviço de todos. “Somos muitos, mas um só corpo. Somos membros uns dos outros”. Os membros do corpo estão ao serviço de todo o corpo e o todo ao serviço dos membros. Ninguém vive só para si “Temos dons diferentes segundo a graça dada a cada um de nós”. Membros do corpo semelham os dons do corpo eclesial. Membros ao serviço do todo, e o todo ao serviço dos membros da Igreja. Não, apenas, da pessoa. “Se o dom é da profecia, exercitemo-la em harmonia com a fé”. A favor de todo o corpo eclesial e não pessoal. “O dom de ensinar deve estar ao serviço dos alunos”. “O dom de exortar, está ao serviço de todos; “O dom de distribuir donativos, esteja ao serviço dos que precisam ajuda; façam-no com simplicidade” “O dom de líder , presida com solicitude servindo ao corpo formado por todos”. O todo é que deve ser servido. O dom é para servir e não para ser servido. “Eu vim para servir e não para ser servido”. “Quem recebeu o dom de fazer obras de misericórdia, faça-o com alegria”. Servindo aos membros do corpo que sofrem.
Como devem servir ao corpo da Igreja: “O amor seja sincero” e não hipócrita, “Detestai o mal; fazei ao bem”. Atitude de todo cristão. “Que vosso amor seja fraterno e una uns aos outros com terna afeição, tratando-os com manifestações recíprocas”. O trato com os irmãos na fé seja mútuo sem exclusões. “Sede zelosos diligentes e fervorosos de espírito, servindo sempre ao Senhor”. Ele é o ponto central do serviço aos outros. “Sede alegres por causa da esperança” “O que olho não viu e nem ouvido ouviu é o que o Pai preparou para os que o temem é que deve manter nossa alegria” “Sede fortes nas tribulações, perseverantes na oração”. Oração ao serviço de todos. “Socorrei os santos em suas necessidades”. Obras de misericórdia como Jesus fez. “Persisti na prática da hospitalidade”. Fica conosco Senhor dos discípulos de Emaus.
”Abençoai os que vos perseguem”. Desejai o bem, inclusive, aos inimigos, como Jesus fez. “Abençoai e não amaldiçoeis”. Como o vosso Pai que faz cair a chuva para bons e para maus. “Alegrai-vos com os que se alegram”. Como Jesus. “Chorai com os que choram”. Bem-aventurados os que choram; serão consolados. “Mantende bom entendimento de uns com os outros”. Como filhos da mesma família ecumênica. “Não vos deixeis levar pelo gosto da grandeza, mas adaptai-vos às coisas humildes”.
É o último alfinetazo contra os que se sentiam superiores, carismáticos, frente aos outros da comunidade cristã. Todos iguais no reino do Pai e todos ao serviço de todos. Notemos como desde os inícios do cristianismo aparecem desvios dos caminhos de Deus. Não devemos nos assustar que, hoje, apareçam formas novas de evangelização que parecem afastar-se de modos tradicionais. A caridade e serviço é o remédio eficiente.
O evangelho mostra na parábola modos de receber a palavra: Convidados que estimam mais as posses de campos do que o convite. Desculpa:”Comprei um campo e preciso vê-lo”. Quem compara antes de ver o que compra. Segundo,”Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las” Quem compra gado sem experimentar?. Um terceiro: “Casei e por isso não posso ir”. Casou de fato? O casamento foi depois de receber o convite? Deus fica em segundo lugar, contra o “shemá”: “Amarás o Senhor com todo o teu coração...”. Amar a Deus acima do amor da esposa.
Deus manda convidar a todos os pobres, aleijados, coxos e cegos. Quarto chamado: “Sai pelas estradas e obrigai às pessoas a virem, para que a minha casa fique cheia”. Vontade do Pai de salvar todos os seres humanos. Ricos e pobres, todos, salvação universal. O céu ficaria sem encher-se? “A casa do meu Pai tem muitas moradas”. Deus-Pai não é como pensamos um ser feito a semelhança do nosso coração. Deus é o Senhor e Pai de todos os seres humanos. Não reduzamos Deus aos limites de Israel, de Jerusalém e do templo. Ele é infinito em tudo e inalterável em seus desígnios.
Nós antropo-formizamos Deus e o reduzimos aos limites do coração humano. O coração de Deus é tão infinito como é infinita a sua bondade e misericórdia. Ouçamos os convites do Deus-Pai que almeja a nossa salvação de todos os seres humanos.
13 de novembro de 2009
Sexta feira do 32º Domingo do tempo comum Releitura (Sb 13, 1-9). “Insensatas são as pessoas que ignoram Deus”. Sensatas são as pessoas que conhecem Deus. Sensatas são ss pessoas cujas faculdades funcionam de modo a encontrar a verdade, (Sensato: Que tem bom senso, circunspeto, prudente, ajuizado, cordato).“Insensatas são as pessoas que, partindo dos bens visíveis, não conheceram aquele que é, Deus”. Sensatas as pessoas que partindo dos bens visíveis descobriam o artífice delas. “Insensatas as pessoas que tomaram por deuses, os governadores do mundo, o fogo, o vento, o giro das estrelas”. Sensatas as pessoas que não endeusaram as criaturas. “Insensatas as que encantadas com a beleza das criaturas não reconheceram a beleza do autor de quem as criou”. Sensatas as pessoas que, partindo da beleza das criaturas, descobriram a beleza daquele que as criou. “Insensatas as pessoas que maravilhadas como a grandeza e beleza das criaturas não chegaram a descobrir, por analogia, comparação, o poder e beleza daquele que as criou”. Sensatas as pessoas, que, partindo da beleza e poder das criaturas, não descobriram a beleza e grandeza do criador. “Insensatas as pessoas, que não descobriram Deus nas criaturas, deixando-se seduzir pela beleza que se vê, porque tendo vastos conhecimentos sobre o Universo, não encontraram o Criador de tais maravilhas?” Sensatas as que não caíram no engodo da beleza e do poder das criaturas e sobre tais atributos chegaram facilmente a descobrir o Senhor que as criou. A Sabedoria minimiza a responsabilidade das pessoas que, de boa vontade, buscaram o Criador das criaturas, mas pela grandeza das criaturas caíram no engodo de divinizar as criaturas em vez de chegar ao Criador verdadeiro delas.
Salmo 18 (l9). “Os céus proclamam a glória de Deus!“.
Evangelho (Lc 17, 26-37). “Chegará tempo que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não o vereis”. Esta versão parece ser um erro da tradução do aramaico feita por Lucas. Este não era judeu. A tradução deveria ser:: “Não só um dia, mas muitos dias ver o Filho do Homem em sua forma triunfal ante a calamidade que lhe precede” Lucas teria traduzido o advérbio “lachda” como numeral: um só, e não muitos dias. Pelos fatos bíblicos dá argumentos da aparição de Jesus: Noé e o dilúvio, que chegou de repente; Ló, destruição de Sodoma, de repente. A mulher de Ló, convertida em estátua de sal, só com voltar o rosto. “O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem seja revelado. Como acontecerá isso? Pavor das guerras que trazem sobressalto aos lares. Como na destruição de Jerusalém. “Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres”. É um provérbio judaico que descreve a rapidez com que se reúnem os abutres diante do animal morto, assim será a vinda do Filho do Homem. O cheiro do cadáver é o sinal iminente da aparição dos abutres localizando o animal morto. Assim será a presença inesperada do Filho do homem sobre os homens que não descobriram a presença do criador, nas criaturas, como afirma a sabedoria. Estar alerta é o mesmo que viver descobrindo a vinda do criador, partindo das belezas das criaturas. (maravilha dos abutres descobrindo o cadáver a centenas de quilômetros de distância). É suficiente um dia ou dois para que os abutres, pelo cheiro, viagem milhares de quilômetros para localizar o cadáver. Lição: até o olfato pode levar-nos até Deus. “Quem fez o ouvido não ouvirá? Quem fez os olhos não verá? Quem fez o olfato não cheirará?” (Sl 93). Deus sabe onde está a podridão da humanidade. O mau cheiro indica onde está o cadáver, o mal das pessoas.Qual é nosso perfume diante do Criador?
Fonte: http://www.ccbnet.org.br
